domingo, 10 de junho de 2012

DO MORE OF WHAT MAKES U HAPPY

Eu. Temos sempre muita dificuldade em escrever sobre nós próprios, não é? Ou isso sou só eu? Eu devia ser a pessoa com maior facilidade em reflectir sobre mim mesma, em esmiuçar-me, em entender-me, em aceitar-me, em ser justa e correcta comigo mesma. Eu vivo comigo mesma todos os dias. Conheço-me melhor que ninguém. Supostamente. Mesmo só supostamente. Ainda me estou a conhecer, ainda estou a quebrar barreiras e a descobrir novos sentimentos e formas de sentir. Novas formas de viver.

Eu sou a pessoa com a mesma essência dos meus 14 anos mas com mais seis aninhos em cima e com eles...mais maturidade e uma forma diferente de olhar a vida e a realidade. Eu sou o conjunto de todas as coisas que vivi. "Eu sou a soma de todos os meus pensamentos, ideias, sentimentos, lembranças e sensações."

Eu sou a pessoa que se apaixonou perdidamente demasiado cedo e que achou que ia ser pra sempre. Eu sou a pessoa que tentou dar tudo para que essa relação resultasse e que falhou em muita coisa. Eu sou a pessoa que magoou e foi magoada. Eu sou a pessoa a quem ainda doem as recordações, as fotos, as músicas. Eu sou a pessoa que ainda tem medo. Eu sou a pessoa que sempre gostou muito mais desta relação do que de mim própria. Eu sou a pessoa que pedia desculpa não tanto por achar que tinha feito algo de mal, mas porque achava a relação demasiado preciosa para se perder com idiotices. Eu sou a pessoa que se orgulha do seu passado e que acredita sempre nas tuas capacidades, na tua força, na tua garra. Eu sou a pessoa que quer que sejas feliz pelo menos um minuto de todos os dias do resto da tua vida.

Eu sou a pessoa que achava que os grupos de amigos duravam para sempre, que tinha de agradar a todos e que vivia obcecada com a perfeição. Perfeição nas relações, perfeição na maneira como me comporto. Essa obsessão pelo politicamente correcto não era forçada, é certo. Era isso que eu era e queria ser. Mas quase me levou à loucura, à completa insanidade. Hoje, eu sou a Rita que não se preocupa em agradar a todos mas que tenta ao máximo ser correcta com toda a gente. Às vezes não consigo, outras vezes não quero. Percebi finalmente que há pessoas que não valem a pena. Percebi que posso escolher quem eu quero ter na minha vida e que não sou obrigada a aturar quem me trata mal, quem não me deixa à vontade. Dispenso arrogâncias, dispenso falsidades, dispenso hipocrisias que não sejam as quase obrigatórias que tens de aturar pra viver em sociedade. Não quero isso no meu núcleo de amigos. Fiz uma reciclagem e não podia estar mais feliz com isso.

Eu sou a pessoa que sempre teve amigos. E houve uma fase em que parece que todos foram amigos. E houve outras fases em que confundi amizades com outras coisas e as perdi. Mas perder e ganhar faz parte do jogo. E quem sai da tua vida quando as coisas estão menos bem são só as pessoas que não merecem participar nas tuas vitórias. ;) Hoje eu sei que só quem está faz realmente falta. Eu sou a pessoa que ama a Rita com o seu feitio típico, com a sua sensibilidade, com a sua sinceridade, com a sua sensatez, com a sua personalidade vincada; e que ama o Cris por ser o Cris e porque o seu sorriso e os seus olhos dizem tudo. Amo-os porque me fazem sentir em casa e porque estão sempre lá...dê a vida a merda/as voltas que der. 

Eu sou a pessoa que percebeu finalmente o sentido de "não importa a quantidade, mas a qualidade" e "menos é sempre mais". Eu sou a pessoa que encontrou pessoas maravilhosas na faculdade das quais nunca se quer desprender. Eu sou a Rita que se ri com o riso da Sofia, que desenvolveu o seu humor negro com a Catarina, que recebe todos os mimos da Rita M., que se sente bem junto da Marina e da Sara, que se ri com o à-vontade da Liah, que se perde no abraço da Rita e do Abreu, que se sente bem quando o Maxwel a olha com o maior orgulho e fé do mundo, lhe chama fofinha e lhe fala com a maior calma do mundo. Eu sou a pessoa que não podia ter uma melhor parceira de Erasmus e que hoje, mais do que em outro qualquer dia, se orgulha de conhecer a Joana de todas as perspectivas.

Eu sou a pessoa que gosta muito da Ana, da Ângela, do David, da Inês, da Sofia, do meu FML, do Levi. Eu sou a pessoa que gosta de muito de pessoas que pensou que não permaneceriam.

Eu sou a pessoa que se preocupava com aquilo a que chamava família e que vivia irritada com a descompensação da minha. A família pode ser aquela que escolhemos e podemos incluir nela quem quisermos, quem achamos que vale a pena. Depois há aqueles que são do mesmo sangue (são poucos aqueles com que me identifico). Eu sou a pessoa que ama a minha mãe e a minha irmã. Mas amar perdidamente, loucamente, totalmente, espontaneamente. A cumplicidade que nos abrange é algo de extraordinário e vai para além do terreno. Eu sou a pessoa que perdeu a esperança no meu pai. Que olha nos seus olhos e não vê nada. Sou parecida com ele mas vou esforçar-me por ter uma vida muito diferente da que ele escolheu. Eu sou também a pessoa que deixa escapar uma lágrima quando constata o caminho amargo que ele talhou. Mas sou também a pessoa forte que se mete no carro, chora sozinha e está bem uma hora depois. Porque a vida continua e é feita de escolhas. Eu sou a pessoa que tem agora (a agradece por isso todos os dias!) outras figuras masculinas que são um verdadeiro ponto de orientação para mim. Amo-os também a eles.

Eu sou a pessoa que hoje gosta de si e que quanto mais pessoas conhece, mais se orgulha do que é, apesar de todos os erros. Eu sou a pessoa que hoje pensa "sim, errei! mas quem não erra? quem não erra nunca tentou" e que escolhe tentar não voltar a cometer os mesmos erros, mas erros diferentes! Eu sou a pessoa que adora praia, festivais, de viver, de comer, de música, de casa, gelados, Lourinhã, Lisboa, Siena (a minha casa durante estes meses), viajar, que sabe cozinhar (finalmente!), que é vaidosa, que tem as suas manias e o seu feitio. Eu sou a pessoa que tem mil objectivos pro ano e que quer trabalhar muito depois de acabar o curso. Eu sou a pessoa que quer fazer rádio e que quer ver o seu trabalho na página de um jornal. Eu sou a pessoa que pensa em sair de Portugal, mas que ama o seu país! Eu sou a pessoa que gosta de falar, de escrever e que gosta que a sua palavra faça a diferença. 

Eu sou a pessoa com os mesmo traços dos meus catorze anos. Mas hoje sou uma Rita mais madura, menos sensível e, por isso, menos magoável. Sou a Rita que pensa "quanto menos te importares, melhor isto corre" ou que "sorri pro mundo que ele sorri pra ti". Sou a Rita que tenta pensar positivo em todas as situações por pior que elas sejam. Sou a Rita que tenta pensar em si e depois nos outros, mas que não se considera egoísta por isso. Considero-me equilibrada. Sou a Rita que tem as suas ideias, convicções mas que acha que só vale a pena partilhá-las com algumas pessoas ;) e que não sente necessidade de contar a sua vida ou de provar seja o que for. Sou a Rita que consegue desinteressar-se e desligar-se facilmente daquilo e de quem não a faz feliz. Sou a Rita que perdoa quem merece mas que não esquece. Sou a Rita que se ri da desgraça em vez de chorar. Sou a Rita que dá valor a quem merece esse valor.

Hoje sou só a Rita que tem saudades de casa, do mar, de pessoas.
Hoje sou a Rita que faz mais do que a faz feliz :)

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